minha poesia

minha poesia já não é mais dela,

não é abstrata nem concreta,

não possui sequer um tema,

já perdeu até a trema,

sem ponto nem virgula,

minha poesia já não é mais minha,

é de todos, poesia coletiva...

nando celso

tarde de chuva

tarde a toa, que voa.
preguiça boa.
escutando o barulho da chuva,
nem sai da cama...

tarde de chuva,

tem coisa melhor

que se aquecer na pele sua...

nando celso

rima e poesia

seria fácil deixar a rima brincar
e transformar em poesia 
qualquer sentimento 
que se sente ou sentia,
ou alguma coisa qualquer
da noite ou do dia.

toda palavra seria igual,
entendida em todas as linguás,
e não seria mais que nada,
seria palavra, rima, poesia...



nando celso

qual o problema

o problema?
talvez seja eu.
ou quem sabe nem seja meu.
talvez seja algo que você não entendeu.
problema seu...



nando celso

Preguiça

Tarde de sossego.
Balanço de rede.
Dança de folhas ao vento.
O sol passa em silêncio,
Atravessa a tarde devagar
Num preguiçoso momento...

Nando Celso

outono

frio de outono,

frio que reclama.

frio que faz querer

ficar próximo de quem se ama.

frio que convida os corpos

a se aquecerem na cama.

nando celso

vontade do tempo.

já não peço ao tempo para esquecer,

nem tão pouco que apague

os momentos que pude viver.

até mesmo porque,

tempo tem vontade própria,

e faz lembrar o que quer...

nando celso

chuva de lembranças

noite escura,
sem lua.
lá fora cai a chuva,
que sussurra,
se insinua,
e traz lembranças
da minha pele colada na sua...



nando celso

meu ou seu?

é meu ou seu o beijo

que entregamos na boca um do outro?

é meu ou seu este abraço

que aquece e aperta os corpos?

não é meu e nem seu este amor,

é nosso.

nando celso

escrevo

deixo a imaginação voar,

fecho os olhos para ver imagens,

em minha tela pinto o momento,

meu desenho de pontos e letras,

abro os olhos, e escrevo...

nando celso

beijos

eram beijos

que aos poucos desciam pelo pescoço,

eram beijos molhados, safados,

que deixavam na boca o seu gosto,

beijos de linguá e lábios sedentos

que exploravam os prazeres do corpo...

nando celso

tempestade

minha tempestade de fim de tarde,
trazendo de longe vozes e imagens,
pensamentos, memórias,
pedaços do agora
que passou e virou história...



nando celso

noite e chuva

a noite desperta com barulho de chuva,
nuvens escuras encobrem a luz da lua,
tempestade que cai, o dia se vai,
e a noite fica assim úmida, fria,
com um ar de melancolia...



nando celso

minha poesia

minha poesia já nem rima,

nem fala nada que já não dizia,

sempre as mesmas palavras

as mesmas gírias,

a mesma mania de explicar

o que não se explica,

de gritar sentimentos que eu escondia,

sempre a mesma coisa,

a mesma pessoa, a mesma poesia...

nando celso

chuva e rosa

a chuva lá fora,
fazendo barulho
cai e chora,
sente falta da rosa 
que já não molha...



nando celso

lua escondida

por um momento
a lua se desnuda,
aparece nua entre as nuvens
mostrando seu brilhante semblante,
se mostra, ilumina,
e logo se esconde...



nando celso

tempo

o tempo não apaga,
apenas transforma.
as vezes transcreve no papel
o que nem lembrava,
bom quando lembra os beijos,
e esquece as  mágoas...



nando celso